#92 AI mastigando o SaaS, Vitalik sobre os mercados de previsão, Ballmer x Satya, o YouTube de Jawed Karim e o impacto da AI na descoberta científica
Microsoft/Ballmer
Esse artigo revisita a trajetória de Steve Ballmer como CEO da Microsoft, questionando a narrativa dominante de que a empresa estava "estagnada" sob sua liderança e só foi resgatada pelo golden touch de Satya Nadella. Embora o impacto de Nadella seja inegável, o texto argumenta que os alicerces do sucesso atual da Microsoft foram lançados durante a gestão de Ballmer, que fez apostas estratégicas a longo prazo e teve a coragem de enfrentar críticas por essas decisões na época.
Um dos pontos mais interessantes é como Ballmer preparou o terreno para seu sucessor, eliminando barreiras políticas internas e investindo em áreas que, hoje, são vistas como essenciais para o sucesso contínuo da empresa. Apesar das críticas à sua abordagem — frequentemente rotulado como "vendedor" sem a visão técnica necessária — Ballmer defendeu suas escolhas apontando que o mercado subvalorizava a Microsoft em relação aos concorrentes. No entanto, os resultados financeiros e o crescimento da empresa nos anos subsequentes provaram que ele estava certo, superando gigantes como Amazon e Google.
Google/Youtube
Um panorama muito legal sobre o Jawed Karim, cofundador do YouTube, e sua palestra em 2006, logo após a aquisição da plataforma pelo Google por US$ 1,65 bilhão. Em sua apresentação, intitulada YouTube: From Concept to Hypergrowth, Karim compartilha como a ideia do YouTube surgiu, os desafios iniciais e a evolução da plataforma até seu crescimento explosivo. Ele explora como o timing certo e a convergência de tecnologias (inspiradas em projetos como LiveJournal e Flickr) foram cruciais para o sucesso da empresa.
Curiosidades como a negociação rápida da aquisição em apenas uma semana, realizada em um Denny’s, ilustram a intensidade desse período. Hoje, o YouTube gera a mesma receita da aquisição inicial a cada semana, alcançando mais de US$ 50 bilhões anuais. Além do YouTube, Karim cofundou a YVentures, investindo em empresas emergentes como Airbnb e Reddit, destacando sua visão estratégica para o futuro da tecnologia.
AI
Segundo o Tech Crunch a OpenAI está enfrentando um ritmo de melhoria mais lento em suas novas gerações de modelos de IA. O próximo modelo, supostamente chamado Orion, teve seu desempenho testado internamente e, apesar de ser superior aos modelos atuais, a evolução não é tão marcante quanto foi na transição do GPT-3 para o GPT-4. Em algumas áreas, como programação, o Orion pode até não apresentar avanços consistentes em relação aos antecessores.
Para lidar com essa desaceleração, a OpenAI formou uma equipe dedicada a explorar novas estratégias pra otimizar seus modelos, especialmente diante da escassez de novos dados de treinamento. As iniciativas incluem o uso de dados sintéticos gerados por IA e a maximização da fase de pós-treinamento. Apesar das especulações, a OpenAI declarou que não planeja lançar um modelo chamado Orion ainda este ano.
Tyler Austin Harper explora para o Atlantic o impacto do ChatGPT no ambiente universitário, especialmente em cursos de humanas. Durante uma visita ao Haverford College, ele observou estudantes envolvidos em atividades acadêmicas tradicionais e conversou com alguns sobre a questão do uso de IA para trapaça. A reação foi quase unânime: para muitos, especialmente aqueles dedicados à escrita, recorrer a ferramentas como o ChatGPT parece contrário à própria essência do que eles buscam na educação.
Enquanto alguns veem a IA como uma ameaça à integridade acadêmica, Harper argumenta que instituições com um sólido código de honra e recursos adequados podem mitigar os riscos. Para esses estudantes, o prazer da escrita e a autenticidade da expressão pessoal ainda superam a tentação de depender de uma IA, que, segundo eles, ainda deixa a desejar em termos de estilo e profundidade.
Se antes a IA generativa era vista como um experimento, agora está ganhando força nas implementações empresariais — mas ainda há um descompasso entre o hype e a realidade. O novo relatório da Battery Ventures destaca o que fundadores precisam saber sobre o cenário atual e como se posicionar para capturar essa próxima onda. Destaco os insights que chamaram minha atenção:
Superciclo de IA à vista: O mercado de nuvem e IA está entrando em uma nova fase, com potencial de movimentar até US$ 4 trilhões nos próximos anos.
Infraestrutura em alta: Grandes nomes como Nvidia e os provedores de nuvem (AWS, Azure, Google Cloud) estão apostando pesado em IA. Ações da Nvidia, por exemplo, subiram 177% em 2024 até outubro.
Desafios para SaaS: Embora o mercado de software tenha se estabilizado, muitas startups de SaaS ainda lutam para justificar suas altas valorizações pré-pandemia.
Novas estratégias para fundadores:
- Foco em UX e inovação de produto para rápida adoção no mercado.
- Adotar modelos de precificação baseados em valor, como custo por consumo ou economia em mão-de-obra.
- Incorporar métricas específicas de IA, como a precisão das respostas geradas e o impacto financeiro direto.
- Usar agentes de IA para automação de tarefas em setores de alto valor, como call centers e serviços profissionais.
Crypto
Nos últimos anos, os mercados de previsão têm demonstrado um super potencial para além das apostas tradicionais, e este artigo do Vitalik Buterin explora essa ideia mais a fundo. O co-founder da Ethereum compartilha como seu envolvimento com plataformas como Augur e Polymarket permitiu que ele identificasse novas possibilidades para esses mercados. Em vez de serem apenas sites de apostas sobre eventos futuros, como eleições, eles podem ser vistos como uma ferramenta para obter insights precisos e rápidos em meio a informações caóticas.
Um exemplo citado é como o Polymarket previu resultados eleitorais com mais precisão que muitas fontes tradicionais, mesmo quando a mídia hesitava em afirmar um vencedor. Mais que apenas prever resultados, essas plataformas fornecem dados que ajudam a interpretar o cenário real de um evento, como ocorreu nas eleições venezuelanas, quando o mercado indicou uma possível virada, chamando a atenção para a gravidade das tensões políticas.
Ele introduz o conceito de "info finance", uma abordagem onde mercados são projetados deliberadamente para extrair informações úteis de seus participantes. Em essência, esses mercados funcionam como um mecanismo para alinhar incentivos financeiros e coletar dados que podem melhorar a compreensão de diversos setores, como mídia, ciência, governança e até redes sociais.
A ideia central é que, ao combinar a lógica dos mercados financeiros com a necessidade de obter informações precisas, é possível criar novas formas de mensurar e interpretar dados de forma mais eficaz. Essa abordagem pode se tornar uma ferramenta essencial em um mundo onde a abundância de informações nem sempre se traduz em conhecimento acionável.
No X...
Esse gráfico do NY Times mostra como o cenário eleitoral mudou em comparação com as últimas eleições presidenciais. O shift sugere uma trajetória mais agressiva para Trump em estados tradicionalmente disputados. Um exemplo é a vitória avassaladora dele na Flórida, superando expectativas ao conquistar o estado com 14 pontos de vantagem — muito acima da meta de 8 pontos estabelecida em uma aposta por analistas.
O impacto da IA na descoberta científica é bem impressionante. A tecnologia assistida por IA levou a um aumento de 44% nas descobertas de novos materiais, uma elevação de 39% nos registros de patentes e um crescimento de 17% na criação de novos protótipos. Isso indica que a inteligência artificial já está impulsionando avanços significativos na pesquisa e na inovação, transformando a forma como as descobertas são feitas e acelerando o desenvolvimento de novos produtos.
"As news becomes entertainment, markets become the news".