#91 O paradoxo do Duolingo, Meta+AI, meritocracia, China e EUA, e mais
Meta & AI
Existe um ciclo muito familiar para a Meta: investidores reagindo com pessimismo, ações caindo e, pouco tempo depois, análises mostrando que a situação está longe de preocupante. Isso rolou em diversas ocasiões, como no período pós-IPO em 2013, na introdução do Stories em 2018 e com o formato TikTok/Reels em 2022.
No entanto, há uma mudança notável. Enquanto antes as dúvidas recaíam sobre a sustentabilidade dos gastos da Meta com IA e o aumento dos preços de anúncios, agora o cenário é bem mais otimista. Isso porque a empresa está posicionada de maneira única para aproveitar o potencial da IA generativa no campo da publicidade digital, podendo revolucionar o setor ao permitir que a plataforma crie e teste automaticamente diversos anúncios, otimizando eles em tempo real para públicos específicos, maximizando resultados para os anunciantes e margens para a Meta.
De quebra, a companhia se fortaleceu mais ainda pelo investimento em uma robusta infraestrutura de GPUs, mais do que necessária para o processamento da enormes quantidades de dados e operação de um sistema probabilístico de anúncios. Bom, se todo esse panorama chamou sua atenção, esse artigo do Ben Thompson vai ser uma leitura mais que interessante.
Meritocracia
Max Levchin, co-founder e CEO da Affirm, compartilha no artigo "To build a meritocracy" a busca da companhia por uma meritocracia verdadeira e como a empresa definiu princípios para construir uma cultura de alto desempenho. No último ano, inclusive, a empresa introduziu um OKR voltado a essa cultura, medindo aspectos de colaboração e eficiência por meio de questionários internos.
De acordo com Levchin, integridade e moralidade são fundamentais em todas as ações da empresa seja com os consumidores, parceiros ou comerciantes. E o trabalho é pautado por decisões rápidas e reversíveis, honestidade e aprendizado constante, sempre priorizando a transparência. A cultura de escrita e análise contínua das próprias ações reforça esse compromisso.
A discordância é outro pilar central: opiniões contrárias são bem-vindas antes de decisões importantes, e a crítica deve ser focada nas ideias, não nas pessoas. O compromisso com as decisões tomadas é essencial para a unidade da equipe. Enfim, achei os pontos dele bem provocadores.
Engajamento = educação?
Artigo sensacional da The Verge, explorando a visão de Luis von Ahn, CEO e cofundador do Duolingo, sobre o uso de inteligência artificial e gamificação para impulsionar o aprendizado de idiomas. Com o lançamento do Duolingo Max, novas funcionalidades foram introduzidas, como conversas de chat com personagens e videochamadas com um avatar de IA da personagem Lily (!). Von Ahn defende a gamificação como essencial para manter o engajamento dos usuários, já que acredita que a continuidade no uso do aplicativo é a base para o progresso no aprendizado.
Ele também abordou questões financeiras e técnicas, mencionando que a maioria das receitas vem de usuários de iPhone em países mais ricos, como os Estados Unidos, o que leva a empresa a priorizar o desenvolvimento no iOS antes de outras plataformas. No contexto de uma transformação tecnológica significativa com a IA, Luis discute abertamente o impacto direto dela no Duolingo.
China e EUA
Brian Potter explora paralelos entre a ascensão econômica dos Estados Unidos no século 19 e a China contemporânea. O que tem a ver? Bom, o ponto de partida dele é que ambos os países experimentaram crescimento econômico acelerado após eventos de transformação social e política — a Guerra Civil nos EUA e a Revolução Cultural na China. Esse desenvolvimento foi marcado por urbanização intensa, grandes infraestruturas e transformações na estrutura produtiva. Em ambas as épocas, o fluxo migratório para cidades gerou aumento populacional nas áreas urbanas, levando ao surgimento de indústrias de larga escala e de uma base industrial robusta.
A transição de uma economia agrária para uma potência manufatureira foi outro ponto comum. No final do século 19, os EUA começaram a dominar a produção global, especialmente em aço e manufaturas em massa, adotando processos como a produção contínua. De forma semelhante, a China, de 1980 até hoje, se tornou uma gigante industrial, líder em setores como aço, baterias e painéis solares. Além disso, tanto os EUA quanto a China enfrentaram desafios relacionados à qualidade dos produtos no início da trajetória industrial, mas posteriormente melhoraram a reputação quanto a isso. Potter destaca que a escala de produção da China moderna, como a da Foxconn e da Yadea, é comparável ou até superior à da era industrial americana, mostrando como os caminhos de desenvolvimento dessas nações se refletem.
No X…
Fazia tempo que eu não postava nada do Corry Wang aqui. Se bem que fazia tempo que eu não trazia conteúdos do X, no geral, né? Mas ele tá de volta, assim como a plataforma. Enfim, esse tweet mostra como, apesar do fluxo gigante de capital indo para IA, a OpenAI captou menos recursos ao longo de toda sua existência do que a Northvolt - uma startup sueca de baterias que está quase falindo e é a sexta ou sétima maior fabricante do setor.
Uma lista com algumas das vezes em que as pessoas realizaram coisas ambiciosas mais rapidamente porque fizeram juntas.
Não bastasse ser CEO da Stripe e co-fundador da Arc Institute, Patrick Collison posta coisas super interessantes no perfil dele. Nessa publicação, ele compartilha um gráfico que compara o volume semanal de viagens da Waymo e do Uber, tanto em períodos pré-COVID quanto pós-COVID. As conclusões do que está acontecendo eu deixo para vocês.