#58 O pêndulo entre passado e futuro: AI sem presentismo
AI & anúncios
A inteligência artificial vai mudar fundamentalmente os anúncios e, com eles, a internet. E, como é de se esperar, investidores, fundadores e pesquisadores vão tentar controlar essa mudança desde o início.
É claro que o trabalho de publicidade não vai desaparecer, mas veremos mudanças em como e quando se dará a interação com os anúncios. E esse artigo faz um belo trabalho em nos explicar onde estamos agora e para onde iremos. O autor convida a gente a ir mais a fundo em seu ponto de vista sobre a junção entre propaganda e a AI, sugerindo que a inteligência artificial pode atuar como um substituto para o que anteriormente seria um anúncio. Segundo ele, quanto mais perto um usuário chegar de querer que uma tarefa específica seja realizada ou uma pergunta respondida, maior será a probabilidade de ser substituído por um produto de IA. Vale muito a leitura!
Ainda dentro desse tema, trago um artigo um pouco mais provocativo. Nele, o autor nos lembra de que, até agora, a maior parte do que lemos sobre AI e anúncios fala sobre o impacto no lado da demanda, mas quase ninguém está falando sobre a enorme ameaça que a AI representa para o lado da oferta no negócio de anúncios online nos próximos 10 anos.
Em 2023, Google, Facebook e TikTok geraram US$ 383 bilhões em receitas publicitárias entre eles. Toda a indústria adtech vale US$ 1 trilhão por ano. Mas um simples prompt poderia acabar com essa receita:
- AI, sem anúncios, por favor!
E essa não é uma história nos moldes Davi X Golias. Não se trata de desenvolvedores oprimidos criando a próxima geração de bloqueadores de anúncios com tecnologia de AI. É mais algo como Golias X Golias: com Apple, Microsoft e OpenAI de um lado, Meta e Alphabet do outro.
Alguns podem até ironizar a ideia de que a inteligência artificial poderia eliminar trilhões em valor de mercado ao permitir que as pessoas simplesmente pedissem a um agente de AI para mostrar resultados de pesquisa, feeds de mídia social, notícias, etc., sem anúncios. Acontece que a gente não pode perder de vista um ponto mais profundo aqui: um minuto de tempo mediado por AI em uma plataforma irá, eventualmente, gerar uma receita muito, muito melhor mesmo, do que antes. Isso porque a inteligência artificial é boa em direcionar a conversa para tópicos comercializáveis.
E isso pode vir a ser um eco do que aconteceu com a publicidade móvel. No início, a transição do desktop para o celular foi um desastre; as pessoas estavam migrando para telas minúsculas e considerando difícil a inserção de informações de pagamento. Como consequência, os usuários não compravam ali e os anunciantes também não compravam espaço ali. Bem, olha para nós agora... Um smartphone já nem é apenas um telefone ou um computador, mas uma carteira. A AI é uma melhoria mais extrema na maioria desses eixos. Com ela, vai ficar mais fácil incluir anúncios, medir a tolerância do usuário aos anúncios e direcionar todos os seus interesses para aquilo que tem a maior margem de contribuição para os anunciantes.
Do Twitter…
Muito do que acontece em AI, hoje, se relaciona com a tentativa de prever o futuro, e isso é muito difícil de se fazer. Mas algumas pessoas, como o Corry Wang, são muito boas em praticar análises preditivas por meio de conteúdos muito bons! Como é o caso dessa thread.
Nessa outra, ele celebra os 30 anos do memorando interno da Microsoft, "Road Kill on the Information Highway". Para quem não sabe, Nathan Myhrvold, então diretor de tecnologia da Microsoft, é o responsável por essa profecia de 20 mil palavras que consegue ser extremamente atual, sendo o conjunto mais presciente sobre a ascensão da Internet
Outros
Ainda na brincadeira cronológica de passado e futuro, cabe uma menção in memorian ao mais humilde serviço de newsletter. Muito antes de existir o Substack e o conceito de “criador de conteúdo” ter qualquer tom de seriedade, existia uma pequena ferramenta de boletim informativo que capturava o momento: o TinyLetter.
Esse artigo traz perspectiva sobre o quanto pode ser insano se a gente parar pra pensar em tudo que "ganhamos" no mundo online nos últimos 30 anos. Dispomos de conexão instantânea com nossos amigos e familiares em qualquer lugar, um fluxo personalizável de notícias sempre que quisermos, mapas 3D com zoom da maioria das cidades do mundo, uma enciclopédia que podemos consultar com palavras faladas, uma loja virtual de tudo que entregará no dia seguinte... É muita coisa boa e, do ponto de vista histórico, todas elas surgiram muito recentemente.
Acontece que, em termos de internet, nada aconteceu ainda. A internet ainda está no começo. Se pudéssemos entrar numa máquina do tempo e viajar 30 anos para o futuro e, a partir dessa perspectiva, olhar para trás, perceberíamos que a maioria dos melhores produtos que controlam a vida dos cidadãos em 2044 só foram inventados depois de 2014. As pessoas do futuro, olhariam para seus holodecks, lentes de contato de realidade virtual vestíveis, avatares para download e interfaces de IA e diriam: ah, vocês realmente não tinham internet naquela época - e eles estariam certos. Então, nesse último conteúdo dessa edição da Reading List, a mensagem é clara: empreendedores, it is NOT too late!