#53 Vision Pro e o início da era da computação espacial na Apple, o misterioso marco da Neuralink e, claro, AI
Uma visão de futuro
Impossível não falar do último lançamento da Apple nessa semana. O Vision Pro, que une o poder computacional do MacBook e a realidade virtual, finalmente chegou para os norte-americanos e deu muito o que falar.
Das inúmeras reviews sobre o gadget que marca o início da era da computação espacial na Apple, as falas do VP de marketing global da empresa, Greg Joswiak, e do cineasta James Cameron para a super completa matéria da Vanity Fair foram as que mais me chamaram atenção.
"Uma das reações mais comuns que adoramos é quando as pessoas dizem: 'Espera um momento, eu só preciso de um minuto. Preciso processar o que acabou de acontecer'. Quão incrível é isso? Com que frequência as pessoas têm uma experiência de produto que as deixa sem palavras?", conta Joswiak.
"Eu diria que minha experiência foi religiosa", compartilha Cameron. "Eu estava cético no início, não me ajoelho diante do grande deus da Apple, mas fiquei realmente impressionado. Muito impressionado!".
Como aborda esse artigo da Economist, vale pensarmos no Vision Pro também no contexto das novas interfaces, resultantes do blend entre realidade aumentada e inteligência artificial. A matéria aborda ainda outros devices exclusivamente pensados para explorar a AI: Humane Pin e o Rabbit R1, ferramentas pensadas para estarem sempre ligadas e sempre com o usuário.
Mesmo que o Vision Pro seja o melhor headset da atualidade, está longe de atender de maneira plenamente satisfatória todas as expectativas relacionadas à sua interface. Aqui, a colunista de tecnologia do WSJ, Joanna Stern, nos mostra como foi sua experiência com o aparelho por 24 horas.
Mesmo com todo o buzz sobre as possibilidades de uso no Vision Pro na cozinha, a jornalista mostra que ter o aparelho no rosto dificulta o manuseio de ferramentas e ingredientes. Para acrescentar a pimenta do reino, por exemplo, Stern comentou que não era possível ver a quantidade que já havia colocado. Outra questão foi com a distorção de cor de alguns ingredientes, provocada pelo gadget.
Mas, como esse esse tweet nos mostra, estamos na primeira geração de um produto Apple. Enquanto há, sim, muito a ser melhorado, temos um histórico fresco na memória de como os aparelhos da empresa evoluem a cada geração.
Em um texto bem objetivo, Benedict Evans faz questionamentos muito provocadores sobre o Vision Pro e ChatGPT.
Mal posso esperar para experimentar o Vision Pro! Enquanto ele não chega, aproveito para ver as experiências dos outros. De todos os vídeos que assisti na internet, esse do Casey Neistat foi o que mais gostei. Mostra de uma maneira muito prática como pode se dar a experiência dos usuários do headset em ambientes externos, mesclando realidades.
E, ainda que o vídeo do Casey comece com ele andando de skate enquanto testa o headset, essa possibilidade não se aplica a todos os meios de transporte. Após dezenas de vídeos de condutores dirigindo seus Tesla fazendo uso do Vision Pro viralizarem, o Secretário de transportes dos EUA, Pete Buttigieg, se manifestou sobre a obrigatoriedade dos motoristas estarem atentos à estrada durante todo o tempo que estiverem em movimento.
“Lembrete: Todos os sistemas avançados de assistência ao motorista disponíveis atualmente exigem que o motorista humano esteja sempre no controle e totalmente envolvido na tarefa de dirigir”, escreveu em seu perfil no X.
De fato, apesar dos nomes, as características de direção assistida da Tesla - Autopilot, Enhanced Autopilot e Full Self-Driving - não significam que os veículos sejam totalmente autônomos, como bem lembrou Buttigieg.
Ainda na linha do Vision Pro e suas possibilidades, me chamou a atenção esse artigo sobre um modelo que foi treinado com gravações de uma câmera fixada à cabeça de um bebê. O modelo desafia alguns estudos anteriores sobre linguagem e como funciona o processo de aprendizagem humana. Dá pra imaginar o que mais será possível descobrirmos nos próximos anos?
Enquanto alguns lançam novos dispositivos, outros continuam integrando AI em seus produtos:
Amazon: https://techcrunch.com/2024/02/01/amazon-debuts-rufus-an-ai-shopping-assistant-in-its-mobile-app
Essa verdadeira "guerra" entre as plataformas está cada vez mais interessante.
Sou suspeito para falar do quanto é legal ver Sam Altman discorrer sobre algo que já tratei por aqui e que acredito muito: o nascimento de grandes empresas "AI-native" com times enxutos - ou, até mesmo, empresas de uma só pessoa, as famosas "solopreneurs". Não tenho dúvida que teremos vários desses exemplos, inclusive no Brasil. Essa tecnologia permite aos empreendedores voltarem ao sonho do produto com impacto gigante e equipe reduzida, como foram Whatsapp, Instagram e tantos outros.
Pouco se sabe sobre a mais secreta empresa de Elon Musk, mas essa semana ele anunciou que a primeira pessoa a receber um chip da Neuralink está se recuperando bem. Há comprovação disso para além de uma postagem dele? Não. Mas o mesmo afirma que a tecnologia será usada, inicialmente, para ajudar pessoas com deficiências físicas, como paralisia, por exemplo.