#43 Todos os caminhos que levaram ao marco caótico em AI e a disrupção acidental da Semaglutida
AI
Quanta coisa pode ter mudado da edição #42 da Reading List para a edição #43? Bem, se a pauta for Inteligência Artificial, a resposta é: tudo. Na última semana, compartilhei o quão bem recebido foi o evento realizado por Sam Altman, "OpenAI Dev Day". E o que parecia ser apenas a primeira de uma série de apresentações comandadas pelo então CEO da OpenAI acabou se tornando uma despedida após sua abrupta demissão com desdobramentos ainda incertos.
De acordo com o The Verge, Altman e seu cofundador Greg Brockman ainda estão dispostos a retornar à OpenAI se os membros do conselho que o demitiram se afastarem. Mas essa versão compete com os diversos pronunciamentos de Satya Nadella dando a chegada de Altman e Brockman à divisão de inovação em inteligência artificial da Microsoft como certa.
E é justamente esse o ponto central de uma análise robusta de Ben Thompson sobre algo que nenhum de nós ousaria sugerir: a Microsoft pode acabar adquirindo a OpenAI por US$ 0 e risco zero de um processo antitruste.
Para além das incertezas sobre o outcome desse drama, uma coisa é certa: caiu por terra o mito de que qualquer coisa fora do modelo corporativo com fins lucrativos pode ser a melhor maneira de organizar uma empresa. Não é. E essa edição do Stratechery traz todos os elementos que provam isso.
Chamath Palihapitiya fez um excelente trabalho em nos ajudar a compreender a estrutura corporativa que levou à destituição de Sam Altman. Segundo ele, há especulações generalizadas sobre os motivos por trás dessa demissão e, para tentar explicar o cenário, ele retoma a história da OpenAI e seu modelo de governança.
Trazendo ainda mais contexto a esse marco (caótico) na evolução da AI, compartilho esse documentário sobre um dos co-fundadores da OpenAI, Ilya Sutskever. Ele é um dos principais cientistas de IA por trás do ChatGPT e, aqui, reflete sobre a visão e valores dos fundadores em conversas com o cineasta Tonje Hessen Schei. Tudo isso enquanto desenvolvia o modelo de linguagem, entre 2016 e 2019.
Effective Accelerationism (e/acc) ou effective altruism, na opinião de vocês, o que se sobressai?
Essas entrevistas filmadas com Sutskever fazem parte de um documentário de longa-metragem sobre inteligência artificial, chamado iHuman.
Report sobre AI da Coatue, muito bem pesquisado e fundamentado. Tem muitos slides interessantes, mas o que mais me chamou a atenção foi a comparação com fiber e cloud, a partir do slide 14. Também achei interessante esse slide sobre onde o valor se concentrou em cloud vs. AI:
Análise boa de Scott Belksy, CPO da Adobe, sobre como a AI afeta diversos modelos de negócio. Vale dizer que essa é a melhor newsletter de AI que conheço.
Ozempic
Já que estamos falando de invenções bizarras da humanidade, vale retomar o caso de Ozempic e suas consequências.
Esse artigo, de maio desse ano, traz uma abordagem muito curiosa à respeito da semaglutida – o medicamento coloquialmente conhecido como Ozempic. Sarah Zhang conta sobre os pacientes que relataram perder o interesse “em toda uma série de comportamentos viciantes e compulsivos: beber, fumar, fazer compras, roer unhas, cutucar a pele”.
Originalmente desenvolvido para tratar diabetes, estimulando o pâncreas a liberar insulina, imitando um hormônio chamado GLP-1, o medicamento apresentou como side effect a perda de peso, mas não foi só isso. “O mecanismo exato da perda de peso ainda não está claro, mas os medicamentos provavelmente funcionam de várias maneiras para suprimir a fome, incluindo, mas não se limitando a, retardar a passagem dos alimentos através do estômago e prevenir altos e baixos no açúcar no sangue. O mais intrigante é que também parece atingir e agir diretamente no cérebro.” Especificamente, pode afetar as vias de dopamina no cérebro, também conhecido como circuito de recompensa que pode afetar o comportamento de dependência.
Impactos em tecnologia:
Impacto em empresas de alimentação:
E há diversos outros exemplos, que englobam de Coca-Cola até gigantes de fast food. A razão da preocupação vem do fato de a demanda ser bastante concentrada, com 10% dos clientes mais frequentes representando 40% ou mais da demanda:
E se a cura para a dependência de forma mais generalizada realmente tiver sido encontrada? O gráfico de fast food acima é igual para o consumo de álcool, apostas, café, refrigerantes, etc. As implicações dessa revolução são fascinantes.
Mas o possível Santo Graal para a cura de vícios e compulsões não pertence a Novo Nordisk. A FDA, agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, aprovou no começo desse mês o uso do Zepbound, aposta de outra farmacêutica, Eli Lilly