#19 "AI, AI, AI, generative AI" e fusão nuclear
"AI, AI, AI, generative AI, AI, AI". É, não tem como evitar a onda de notícias, análises e debates relacionados ao assunto do momento. O scroll em qualquer rede social ou portal de notícias vai ser overwhelming mesmo e deixar todos nós um pouquinho como o Sundar Pichai no principal evento para desenvolvedores do Google, realizado no último dia 10. E, já que toquei no assunto...
Google entra em campo para disputar com OpenAI
Antes de mais nada, e sendo justo com o evento, o I/O desse ano não foi apenas sobre Inteligência Artificial - como vocês podem checar nesse compilado de tudo que foi anunciado pelo CEO do Google. No entanto, também não podemos dizer que não havia um foco muito claro em IA e em como ela pode ser integrada no ecossistema de softwares e aparelhos da marca.
Ainda pensando no equilíbrio de abordagens, esse artigo do Stratechery pontua (de maneira um tanto quanto ácida) que o Google I/O desse ano combinou o que já havia de atraente nas últimas edições com a urgência e a agressividade que se esperaria de uma empresa que está se sentindo ameaçada pela primeira vez em anos.
Muitas das percepções do Ben Thompson nos ajudam a identificar o que é novidade e o que é espuma. E me agrada ver ele mencionando que o Google está sendo super honesto quando começa sua apresentação nos lembrando que eles estão nessa coisa de IA já tem um tempo (vide a evolução do Gmail e do Google Photos).
Todo mundo já testou as infinitas possibilidades de explorar o ChatGPT, mas nem todos vão conseguir testar o Bard. Apesar do Google ter liberado o sistema de IA concorrente da OpenAI em 180 países, a União Europeia e o Brasil estão de fora. Se tem a ver com LGPD e GDPR, a empresa não confirmou.
De qualquer maneira, checar os highlights da IA do Google (ainda em fase de testes) não há de fazer mal. Especialmente se você já criou FOMO sobre o assunto.
Implicações de IA
Esse artigo foge do hype que a abordagem de novas tecnologias costuma ter para propor provocações bem interessantes. A autora não contesta que grandes modelos de linguagem podem ser poderosas ferramentas de produção e também aumentar a taxa de inovação. Mas (e é sempre importante mantermos os olhos no que vem depois do mas quando se trata de algo tão disruptivo), ela também nos lembra que os rápidos avanços podem levar a riscos significativos. E, por isso, é crucial garantir que o progresso seja conduzido em uma direção que beneficie toda a sociedade - não partes dela.
O tráfego do Stack Overflow caiu 14% em março. O que isso tem a ver com o ChatGPT ou CoPilot? Perguntem aos devs, eles têm a resposta. Mas esse artigo também traz muitas possibilidades de resposta.
Apesar de uma grande parcela da população sentir que, em algum momento, a inteligência artificial vai se tornar um problema daqueles que os filmes de sci-fi dos anos 90 mostravam, também tem uma importante parcela da população focada em direcionar o potencial da tecnologia para cenários de cura que poucos filmes se propuseram a mostrar como possibilidade.
Esse artigo traz algumas descobertas (já publicadas na Nature Medicine desse mês) de um modelo de IA capaz de identificar pacientes com maior risco de ter câncer de pâncreas até três anos antes do diagnóstico.
IA na China
Enquanto os líderes americanos temem que a China possa eventualmente ultrapassar os EUA no desenvolvimento de inteligência artificial, Pequim já está muito à frente de Washington na promulgação de regras pra tecnologia.
Se a China pode ser a primeira na governança de IA, ela pode projetar esses padrões e regulamentações globalmente, moldando mercados lucrativos e flexíveis. Mas o assunto é muito mais abrangente que essa minha introdução e eu recomendo fortemente que deem uma olhada.
Caso queiram ler algo ainda mais aprofundado, esse documento esmiúça em dez páginas as últimas tendências de grandes modelo de linguagem da China.
Extras
Muitos podem não se lembrar, mas toda essa tecnologia não vai existir sem... energia! E, apesar de muitos acreditarem que fusão nuclear está a uma década de distância, a Microsoft e uma startup com envolvimento do Sam Altman veem 2028 como uma deadline factível.
A promessa da tecnologia indiana rivalizar com a China está desmoronando e a era pós-cash burn expõe as falhas no ecossistema de startups indiano. São muitas as questões sobre responsabilidade financeira e disciplina, aquisições caras, avaliações inebriantes e se os investidores superestimaram o mercado total endereçável da Índia.