#17 A tal da edição especial da Bloomberg Businessweek
Antes de mais nada, eu preciso iniciar esse artigo, que será totalmente focado em promover uma das minhas maiores indicações de leitura cripto desse ano, com a introdução do próprio editor da revista Bloomberg Businessweek.
Houve um momento, não muito tempo atrás, em que pensei: “E se eu tiver entendido totalmente errado essa coisa de cripto?” Sou um normie duvidoso que, para ser honesto, nem sempre entendeu esse universo alternativo que está se infiltrando e se expandindo há mais de uma década. Se você é um discípulo, esta nova dimensão é o futuro. Se você é cético, esse mundo de cabeça para baixo é apenas um esquema Ponzi moderno que vai acabar mal – e o recente “inverno criptográfico” é evidência de seu fim há muito esperado. Mas a criptomoeda se aprofundou nas finanças, na tecnologia e em nossas cabeças. E se a criptomoeda não for embora, é melhor tentarmos entendê-la. É por isso que pedimos ao melhor escritor de finanças, Matt Levine, da Bloomberg Opinion, para escrever uma edição de capa a capa da Bloomberg Businessweek. O que se segue é sua brilhante explicação do que significa essa tecnologia enlouquecedora, muitas vezes absurda e sempre fascinante, e para onde ela pode ir. — Joel Weber, Editor
Em pouco mais de quarenta mil palavras, Matt Levine condensa tudo o que realmente importa sobre a história do cripto em uma abordagem igualmente interessante e acessível a todos os níveis de expertise no assunto.
"Olá, sou Matt Levine. Ex-advogado e banqueiro de investimentos. Agora sou colunista da Bloomberg Opinion, onde escrevo uma newsletter de finanças chamada Money Stuff. Nos últimos anos, a coisa mais polarizadora nas finanças tem sido a criptomoeda. Ele surgiu do white paper Bitcoin de Satoshi Nakamoto para se tornar, entre outras coisas, um conjunto de linhas em gráficos que subiram. Algumas pessoas compraram Lamborghinis.
E então, este ano, essas linhas caíram. Se você é um cético em criptomoedas, isso foi muito satisfatório. Para os entusiastas de cripto, esse foi apenas mais um motivo para dobrar a aposta.
De certa forma, é um momento idiota para falar sobre criptomoedas, porque as linhas caíram. Mas, na verdade, é um bom momento. Podemos pensar sobre o que a criptomoeda realmente é, sobre o que ela significa.
Eu não tenho sentimentos fortes sobre o valor das criptomoedas. Eu gosto de finanças! Eu acho interessante. E se você gosta de finanças – se gosta de entender as estruturas que as pessoas constroem para organizar a realidade econômica – a criptografia é incrível.
A Bloomberg Businessweek me pediu para escrever sobre criptomoedas e, quando terminei, foi o suficiente para preencher uma edição inteira, de capa a capa. Chama-se “The Crypto Story” e acho que é tão emocionante ler quanto um passeio em um Lambo".
A edição foi separada em quatro partes: (1) Ledgers, Bitcoin, Blockchains, (2), What Does It Mean?, (3) The Crypto Financial System e (4) Trust, Money, Community. E traz questionamentos pertinentes, como o da passagem abaixo.
"Há um incentivo financeiro para que todos sejam honestos: se todos forem honestos, então este é um sistema de pagamento funcional que pode ser valioso. Se muitas pessoas forem desonestas e colocarem transações falsas em seus ledgers, ninguém confiará no Bitcoin e será inútil. Qual é o sentido de roubar Bitcoin se o valor do Bitcoin é zero?
Esta é uma abordagem padrão em cripto: os sistemas de criptografia tentam usar incentivos econômicos para fazer com que as pessoas ajam honestamente, em vez de confiar que todas agirão honestamente.
Essa é a maior parte da história, mas deixa alguns pequenos problemas.
De onde veio todo o Bitcoin? Não há problema em dizer que todos na rede mantêm um registro de todas as transações de Bitcoin que já aconteceram, e seu Bitcoin pode ser rastreado por meio de uma série de transações anteriores. Mas rastreado até o quê? Como você inicia o ledger?"
Vale dizer que a edição não se esquiva da necessidade de tocar nos diversos dilemas do universo cripto, como o blockchain trilemma - um famoso problema em cripto. Blockchains querem ser escaláveis (já que podem processar muitas transações rapidamente), descentralizadas (já que não dependem de algumas partes confiáveis) e seguras (já que uma minoria de computadores na rede não pode atacar com sucesso). Mas, o trilema mostra que só é possível escolher dois desses três.
E é claro que web3 tem seu espaço reservado nessa cobertura. Tokens e tokenomics, DAOs, identidade, reputação e credenciais foram as escolhas para abranger essa universo particular que, não por acaso, é o background do meu podcast com o Luiz Ramalho, Toca do Coelho (inclusive, segue a gente).
Olha, o trabalho do Matt Levine está tão conciso que fica até difícil fazer recortes, então fica o convite para a leitura porque realmente vale a pena! E cabe um extra aqui, Levine traz um pouco da sua visão pessoal (e que não concordo completamente, confesso) nessa entrevista para a Bloomberg.