AI
Ethan Mollick discute nesse artigo a crescente urgência no tom de pesquisadores de IA sobre a chegada da AGI, capaz de superar especialistas humanos em diversas tarefas intelectuais. Ele reflete sobre os incentivos por trás dessas previsões e as limitações dos modelos atuais, como a inconsistência das ferramentas baseadas em IA. Apesar disso, Mollick reconhece que avanços recentes sugerem mudanças profundas no horizonte.
Entre os destaques está o modelo “o3”, da OpenAI, que superou humanos em testes como perguntas de nível avançado, problemas matemáticos extremamente difíceis e testes de inteligência fluida. Além disso, agentes autônomos - como o "Deep Research", do Google, que produziu relatórios complexos em minutos - estão ganhando bastante relevância. Esses avanços demonstram o potencial dos agentes especializados, ainda que os sistemas verdadeiramente generalistas ainda estejam fora de alcance.
Mollick também discute o impacto potencial dessas tecnologias em áreas como educação e pesquisa, enfatizando o óbvio: a adoção e adaptação humanas tendem a ser mais lentas que o ritmo de inovação tecnológica. Enquanto os laboratórios focam em alinhamento ético, pouco se fala sobre como a sociedade deve se preparar para um futuro moldado pela IA.
Sarah Tavel reflete sobre como a IA está transformando o ambiente de trabalho e criando uma divisão entre os que abraçam essas ferramentas inovadoras e os que permanecem presos aos métodos tradicionais. Inspirada pela forma como seu pai, um investidor de sucesso, evitava adotar novas tecnologias, ela destaca o custo oculto de não explorar o potencial da IA.
Enquanto alguns profissionais, como coders e CEOs, já estão redefinindo suas funções e workflows com a ajuda de IA, muitos ainda estão apenas experimentando. Sarah admite que também está "arranhando a superfície", mas vê uma oportunidade única de aprender com os que estão na vanguarda desse movimento.
Com este texto, ela começa uma série onde quer explorar histórias de quem está usando IA de formas diferentes e criativas. A ideia é ouvir como essas pessoas estão transformando seu trabalho e, quem sabe, inspirar todo mundo a encontrar novos jeitos de usar essas ferramentas no dia a dia. Muito legal!
India
Tanner Greer, ensaísta e pesquisador independente, compartilha uma visão única sobre a Índia depois de participar de uma delegação organizada pela India Foundation, um grupo próximo ao governo nacionalista do país. O artigo vai muito além de uma análise política; é uma janela para entender como a Índia está moldando seu futuro e como isso ressoa no cenário global.
Entre visitas a Nova Délhi, Assam e Bangalore, e encontros com autoridades, empresários e intelectuais, Greer teve a chance de observar de perto as dinâmicas que moldam a Índia contemporânea. Aqui vão nove observações marcantes, cheias de provocações e insights:
A lição do BJP: O partido de Modi encontrou um jeito de unir uma base diversa e mantê-la engajada, mesmo em tempos de rejeição global a governos em exercício. Dá pra imaginar que republicanos nos EUA poderiam aprender um bocado com isso.
Pós-liberalismo na prática: Enquanto no Ocidente a ideia de um futuro “pós-liberal” é só teoria, a Índia, com seu programa Hindutva, está testando como construir uma sociedade moderna a partir de valores não ocidentais.
China é o novo foco: Para a Índia, o Paquistão perdeu o protagonismo como rival. Agora, é a China que domina as preocupações estratégicas – e isso molda de tudo, de políticas econômicas a relações internacionais.
Obcecados com a imagem: A elite política indiana parece ligar demais para como o Ocidente (e o New York Times, claro) os enxerga. Greer acha que gastar energia nisso não vale a pena – os avanços reais no país é que vão mudar as percepções.
Estudiosos da China: A Índia tem poucos analistas dedicados a entender a China, mas o time que existe impressiona pela profundidade e pela habilidade de conectar diferentes áreas, de logística militar a economia.
Tretas nas relações com os EUA: Algumas questões sensíveis, como a atuação de missionários cristãos americanos e políticas em Bangladesh, podem atrapalhar os laços entre Índia e EUA. Greer também comenta como Washington e Nova Délhi têm visões bem diferentes sobre operações polêmicas no exterior.
Disputa religiosa no nordeste: O RSS, organização nacionalista indiana, está reorganizando tradições locais para resistirem à expansão cristã. Greer vê aí uma oportunidade única para antropólogos estudarem a evolução religiosa em tempo real.
Futurismo com alma: O design indiano combina modernidade com materiais naturais, como madeira e bambu, criando espaços que são funcionais e acolhedores – um contraste total com o estilo mais frio e industrial chinês.
O impacto do RSS: Greer descreve a organização como uma espécie de “monasticismo nacionalista” que, sem recorrer à violência, conseguiu se entrelaçar na sociedade indiana e manter sua relevância ao longo de gerações.
As verdadeiras lições do declínio da Kodak
Quando se fala do declínio da Kodak, a explicação mais comum é que a empresa simplesmente "não viu a onda digital chegando". Mas, segundo Willy Shih, ex-vice-presidente da companhia, essa é uma leitura rasa de uma história bem mais complexa e cheia de nuances.
A verdade é que a Kodak sabia muito bem que a fotografia digital iria mudar tudo. Eles até investiram pesado em inovações – foram os primeiros a criar um sensor digital de imagem, por exemplo. O problema era outro: o mundo digital tinha regras completamente diferentes. A Kodak dominava a arte de fabricar filmes fotográficos, um processo super complexo que mantinha concorrentes afastados. Já a fotografia digital abriu as portas para novos players, que não precisavam do mesmo nível de especialização.
Outro grande desafio foi o encolhimento do mercado de filmes. Produzir em menor escala fez os custos dispararem, e a empresa não conseguia manter os lucros sem comprometer ainda mais sua posição. Além disso, a rede de varejo, que antes girava em torno das vendas e revelações de filmes, perdeu relevância com o avanço das câmeras digitais e, depois, dos smartphones.
Dentro da própria Kodak, as coisas também não estavam fáceis. Apesar de terem criado uma divisão digital separada, os conflitos entre as áreas antigas e a nova estratégia digital geraram muita resistência e atrito. Muitos gestores, acostumados ao sucesso do filme fotográfico, simplesmente não conseguiam abrir mão desse modelo.
Shih sugere que a Kodak poderia ter tomado outros caminhos, como diversificar para áreas em que sua expertise em química e materiais avançados fosse útil, como fez a Fujifilm. Outra ideia seria sair do mercado de filmes de forma planejada, como a IBM fez com seus negócios mais tradicionais. Mas essas decisões são tudo, menos fáceis – especialmente quando você está no topo por tanto tempo.
É bem importante que a gente dê o devido peso aos acontecimentos. O caso da Kodak não é só sobre "errar o timing" ou "não inovar". Ele é um lembrete de como mudanças tecnológicas podem ser brutais e de como é difícil largar velhos hábitos, mesmo sabendo que o futuro está batendo à porta. É um alerta para qualquer empresa que enfrenta disrupções: não basta reconhecer que algo novo está vindo, é preciso repensar tudo, de verdade, para sobreviver.
Solar
O preço das placas solares caiu absurdamente nas últimas décadas, cerca de 12% ao ano, como o gráfico abaixo mostra.
Isso fez da energia solar a fonte mais barata de eletricidade em muitos lugares. Mas, entre 2021 e 2023, os custos deram uma subida (30% a 100%), com a pandemia e a inflação bagunçando as coisas. Agora a dúvida é: será que os preços voltam a cair ou já batemos num limite?
Hoje, a maior parte dos custos da energia solar não vem mais das placas em si – que já estão bem baratas –, mas de coisas como mão de obra, preparação do terreno, conexão com a rede elétrica e até impostos. Esses "custos indiretos" são mais difíceis de cortar, porque incluem fatores como o preço da terra (que só aumenta) e salários. Ainda assim, tem muita gente reimaginando como essas fazendas solares podem ser construídas de forma mais simples e barata.
Empresas como a Erthos já estão eliminando estruturas pesadas, como racks e trackers, e adotando designs que usam menos materiais e mão de obra, cortando custos iniciais em até 40%. E as placas solares continuam ficando mais eficientes – de 2010 a 2020, a eficiência média dobrou, e novos avanços prometem melhorar ainda mais. Com isso, dá pra imaginar os custos da energia solar caindo até 8 vezes nos próximos anos.
O que vem pela frente? Apesar dos desafios, como o custo da terra e a intermitência da produção solar, o futuro da energia solar parece bem promissor. O autor sugere a possibilidade de encontrarmos um cenário onde placas solares ficam tão baratas e fáceis de instalar que a energia pode, literalmente, custar quase nada. Bom, se isso acontecer, as possibilidades para economia e sustentabilidade são gigantes.
No X…
Gráficos, vamos com tudo nos gráficos esse ano!
É engraçado como a realidade curte pregar peças nas previsões. Esse tweet tem dois gráficos que mostram bem isso (não vou anexar aqui porque, né, o X já está liberado no Brasil, é só clicar no link e ver lá).
O primeiro gráfico é sobre energia solar e como as previsões da Agência Internacional de Energia (IEA) ficaram super tímidas. A adoção real de painéis solares foi tão rápida que atropelou até os cenários mais otimistas. Já o segundo gráfico traz um contraste: ele mostra as previsões do consumo de carvão na China versus o que realmente aconteceu. Spoiler? A realidade foi pra cima enquanto os modelos achavam que ia estacionar ou cair.
Esses gráficos dão uma boa ideia de como é difícil prever certas mudanças, seja por causa de inovações, do mercado ou das nuances de países gigantes como a China. O mais legal é que eles lembram que o progresso muitas vezes segue caminhos inesperados.
Esse gráfico compartilhado pelo paul Graham mostra como a pandemia mexeu com os nossos hábitos, e como um deles veio pra ficar: estamos passando muito mais tempo em casa.
Antes de 2020, a coisa era mais lenta, com um aumento gradual nos minutos diários dentro de casa. Mas, quando chegou a pandemia, tudo mudou. De repente, o tempo que passamos no lar deu um salto gigante – e o mais curioso é que, mesmo depois que as restrições foram afrouxadas, esse novo padrão continuou em 2022.
Claro, tem muitas razões pra isso. O home office virou parte da rotina de muita gente, seja de forma fixa ou híbrida. Mas isso faz a gente pensar: será que estamos mudando de vez a forma como interagimos com o mundo lá fora? Ou será que agora priorizamos mais um estilo de vida tranquilo e "caseiro"?
Meta foi de identificar 20% para 80% dos casos de bullying em quatro anos, antes mesmo de serem denunciados. Um avanço e tanto em termos de tecnologia, mas fica a pergunta: ainda importa? Plataformas como Facebook, onde muito desse esforço acontece, já perderam relevância, especialmente entre os jovens. Por isso, mesmo conquistas significativas podem soar desconectadas, já que o impacto prático parece menor.
Talvez o maior problema não seja a melhoria em si, mas o fato de ela estar acontecendo em plataformas que já não estão no centro das interações sociais. E aí, o que você acha? Isso ainda tem peso ou já soa como "muito tarde"?
Vitalik Buterin comenta como o congestion pricing em Nova York parece estar dando certo, chamando atenção para o poder dos incentivos de mercado. Pra quem não sabe, congestion pricing é aquela política que cobra uma taxa de quem dirige em áreas movimentadas nos horários de pico, pra reduzir o tráfego e melhorar a mobilidade.
Os resultados já começam a aparecer: o tempo médio de deslocamento na Rota 7 pelo Holland Tunnel caiu bastante aos domingos depois da medida (dá uma olhada no post pra ver os gráficos). E, olhando os mapas de tráfego, dá pra ver que algumas das áreas mais caóticas de Manhattan estão bem mais tranquilas.
É um exemplo legal de como uma política bem pensada pode fazer diferença no dia a dia das cidades – menos trânsito, menos poluição e, de quebra, uma experiência melhor pra quem anda de transporte público. Mas, claro, sempre tem a discussão: será que a medida pesa no bolso de quem depende do carro e não tem outra opção?
No geral, parece que Nova York tá testando algo que pode virar tendência em outras cidades. Será que é o futuro da gestão do trânsito?
Sobre o tweet (tem um nome novo pra isto?) de energia solar, temos falado muito sobre isto no iFood, sobre quão difícil é prever os outcomes de iniciativas que tem grandes pontos de inflexão. Inclusive, estive em Stanford e o próprio Charles O’Reilley falou bastante sobre isto, a realidade é que a maior parte das previsões que fazemos são pensando de forma linear sem saber que muitas variáveis são exponenciais